Brasil: A fusão de duas culturas de construção

A arquitetura e construção em terra no Brasil é um fio comum que percorre grande parte da história pós-colonização do país. Suas estruturas autóctones responderam às exigências de uma tradição nômade, o que explica seu aspecto mais efêmero, menos permanente. Com a colonização portuguesa, porém, as tradições construtivas da cultura ibérica fundiram-se com estes costumes nativos, dando origem a um estilo de arquitetura muito particular que também foi moldado pelos materiais disponíveis e pelas condições climáticas predominantes. 

A casa do bandeirista é uma marca autenticamente brasileira de arquitetura em terra. Construídas a partir do século XVII, estas casas, juntamente com vários lugares de culto, representam um importante patrimônio que nos conta muito sobre como as pessoas viviam e construíam na época. A principal razão para construir com terra foi a falta de calcário em certas regiões - uma escassez frequentemente associada a uma abundância de terra argilosa. 

A técnica predominantemente utilizada para casas bandeiristas era a taipa de pilão, que envolvia a construção de paredes estruturais de terra compactada prensada em moldes de madeira. Outras expressões da arquitetura de terra apareceram em todo o país no século que se seguiu. 

Uma opção menos dispendiosa para a construção civil foi a taipa de mão (ou pau-a-pique), na qual a madeira suporta a carga, enquanto a terra serve de infill. Este estilo de construção foi e ainda é utilizado para a construção tanto de residências rurais quanto urbanas. 

O uso da terra como material de construção declinou ao longo do século XX. Nos últimos trinta anos, porém, estas antigas técnicas de construção voltaram a ser utilizadas e se tornaram cada vez mais difundidas.